Por Que Meus Filhos Não Lêem Harry Potter

Sei que esse será um assunto controverso, assim permita-me primeiramente expor meu ponto de vista na sua totalidade. Espero que os pontos levantados o ajudem quando estiver considerando o assunto. Meu objetivo não é ofender, humilhar, inferiorizar ou trazer emoções negativas a tona ao leitor. Esse artigo não é sobre o que alguém sente emocionalmente pela séria do Harry Potter, mas sim meu convite à distanciar-se do tema para que possa analizá-lo a distância, separado de suas emoções pessoais. 

Antes de entrar em detalhes, quero clarificar que amo literatura, livros e tudo na forma escrita. Não há nada mais gratificante que entrar em livrarias ou bibliotecas e sentir-se em casa entre pilhas de livros alinhados nas prateleiras. Quando criança, li a maioria dos livros na pequena biblioteca da escola, e no meu tempo livre, costumava escrever histórias cheias de imaginação. Assim, não sou contra literatura, imaginação ou histórias cheias de maravilhas.

Se analizarmos trabalhos de literatura infantil do passado, iremos encontrar muitos livros com mágicos, bruxas e feiticeiros. Milhares de histórias infantis continham personagens dessa categoria. Entretanto, a partir da séria de livros Harry Potter, houve uma ligeira mudança nas histórias infantis. Dessa vez, as bruxas, feiticeiros e mágicos são retratados como amigos, não como inimigos. Não há uma clara distinção entre o bem e o mal, luz e escuridão, ajuda e perigo.

Consegue enxergar essa ligeira mudança? Dragões costumavam ser monstros que devoravam marinheiros em alto mar, agora são amigos das crianças. Monstros eram mantidos longe do quarto a noite, agora são recebidos como família. Bruxas queriam comer as crianças nas histórias infantis, agora oferecem transformar nossos filhos em seus aprendizes de magia. A escuridão é luz, o mal é bem e o perigo é ajuda. Não é de admirar que nossos filhos estejam confusos!

Essa mudança não é um acidente do mundo da literatura infantil, ou uma quantidade maior de autores sendo inspirados para ousar serem diferentes. Essa mudança tem um propósito, bem maldoso. Porque uma vez que a verdade é relativa, e não há nenhuma diferença entre o mal e o bem, consequentemente a existência de um Deus bom é relativo, e a existência de um diabo mal é relativo, e nossas crianças são livres para seguir quem quiserem. 

Já ouvi argumentos que as personagens desses livros não estão praticando bruxaria real e que até ensinam boas lições de vida, como aceitar os outros, fazer amigos e conquistar desafios. Tenho que concordar que essas histórias não parecem malignas a princípio, mas isso é exatamente o que as faz atraentes às crianças. Se são escritas de forma divertida, interessante e cativante, as crianças vão gostar. 

Eu sei o que é bruxaria de verdade. Quando criança, uma bruxa morava do outro lado da rua de nossa casa. Sim, uma verdadeira bruxa. Muitas vezes víamos no lote baldio na esquina, carcaças de frango cercadas de velas, restos dos seus sacrifícios noturnos. Ainda antes dessa época, quando bebê, meus pais moravam em uma cidade estilo Harry Potter. Uma cidade cheia de magia, repleta de deuses alternativos, deusas e seus seguidores. Quando recentemente fui visitar o local da casa onde morava naquela época, avistei um altar para ofertas a espíritos, construído no quintal pelos novos proprietários. 

Em muitos lugares do mundo as crianças não precisam ir na Universal Studios para ver bruxos e bruxas na cidade do Harry Potter. Nesses lugares do mundo, eles vivem no outro lado da rua, e a crianças crescem sabendo que há uma diferença entre o bem e o mal.

A não ser que ensinemos o contrário. 

Meus filhos não pedem para ler Harry Potter porque entendem o "porquê" do "o quê". Sabem que não se trata de ser contra literatura, personagens ou entretenimento. Mas sim de estabelecer limites claros entre seguir a luz ou seguir a escuridão. Já que não existe um caminho neutro no meio.

Considere esses pontos e começe a observar essas mudanças nos livros, filmes e personagens infantis disponíveis atualmente. Você vai começar a notar essa tendência mais frequentemente do que imagina. 

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